segunda-feira, janeiro 31

Voltas que a Vida Dá.

Cápitulo 1:  ♪ Encontre-me no Equinócio, me encontre no meio do caminho.

Querido Diário!

Bem, como posso começar isso?!
  Afinal, não era nem para eu estar escrevendo aqui!  Meu sendo de maturidade grita. Que isso é bobo e deveras infantil. Mas, como estou sem ninguém para conversar, vai o senhor, mesmo. 

  Mais um dia frio e chuvoso, em Londres, a cidade da garoa. Desde que cheguei, não vejo dias ensolarados, só uma luz fraca e pálida ao amanhecer e ao entardecer, é o inverno que está vindo com tudo, nunca senti tanto...

- Oh, Meu Deus! Senhor Smith!  Olhando por cima de meu ombro esquerdo, me deparei com o rosto de meu chefe, não muito longe do meu, o  que me assustou, lógico! Com toda certeza, ele estava olhando para o que escrevia abaixo.

- Srta. Hammer! De repente, o homem se pos de pé. –Eu não sei como é no seu país, mas nós britânicos...
  Era como se as palavras se perdessem em minha mente, eu não estava dando ouvidos a ele, e nem a seu discurso patriota que eu tanto sei de cor. Pus minhas mãos nos olhos, para não ver aquela cena conhecida se repetir, novamente.

- Srta. Hammer? Está me ouvindo?
   Quando tirei a mão dos olhos, vi meu chefinho “careca”, como carinhosamente o apelidei, olhando para mim, com uma sombracelha erguida, possivelmente fazendo perguntas internas ao meu respeito.

- Sim, senhor! Perfeitamente!
Lembrando-me  do diário em minha mesa, rapidamente o cobri, com as duas mãos espalmadas sobre ele. Fazendo um barulho e uma montanha de folhas, voarem de minha mesa.  

O chefinho chegou mais perto de mim, e tirou minhas duas mãos do diário e disse: - Pelo que vejo esse caderno, Não é do hospital! Minha cara se ocupe com seus afazeres!
E depois disso  o chefinho de estatura mediana e careca, foi para seu “santuário”, como ele mesmo dizia; seu consultório na verdade.  

 “Viu diário, por que isso é idiota e deveras infantil”?

Após escrever isso, rasguei a folha do caderno, amassei e pus no lixo. Faltou pouco para a cena não ser dramática, se eu pusesse fogo no papel seria mais ainda, mas não pense que isso não passou por minha cabeça.

 Ai, Ai! Ser estagiária de um neurologista é fogo! Ainda, mais de um como o Senhor Smith, fixado em trabalho! Há dois meses, Estou nessa cidade gélida e nublada! Nunca pensei que ia sentir tanta falta da Flórida, pois eu também não gostava muito do calor, amava quando chovia, mas aqui é demais! Sentia falta dos verões quentes de lá, e dos invernos amistosos, sem se falar na minha família, pensava neles o dia todo!


Estou aqui á trabalho, terminei a faculdade de neurologia, há um ano e decidi então migrar para Inglaterra, para aprender com um dos melhores neurocirurgiões. É agora estou me especializando em neurocirurgia. Mas, não fique pensando que o Dr. Smith era o melhor, não ele não era ele só foi uma segunda opção que deu certo.

Desde então passo os dias inteiros, apreendendo e ganhando salário de estagiária, coisa que eu não poderia ser! Sou formada, oras! Mas, tudo bem, eu sei que algo de bom vai acontecer pra mim, mais cedo ou mais tarde.

Terminei meu serviço o mais rápido possível, e então pedi permissão para sair um pouquinho mais cedo para o carequinha. Ele deixou uma coisa que não acontece facilmente.

Eu estava abrindo a porta para sair, transbordando de alegria, imagina! Uma hora a mais em casa, até que o carequinha me chamou!

- Linda!
- Sim? Disse ainda de costas.
- Você sabe por que estou te despencando mais cedo, não é?
Fechei a porta, vendo que ele queria conversar, e me virei para responder: Por que eu fiz tudo certo e antes do horário? Disse, fazendo meu melhor sorriso.

- Correto. Mas não é só por isso. Eu percebi que você anda muito desligada e cansada ultimamente. Olha, eu não quero saber sobre sua vida noturna, o que você faz ou deixa de fazer. Eu só quero que você pare um pouco com as baladinhas e descanse mais, ok? 

Segurei-me na maçaneta, para não socar o homem, o que ele pensa de mim? Só falta insinuar que eu me drogo, agora!

- Ok, Senhor Smith! Posso ir agora? 
- Claro, vá!
  Saí, o mais rápido possível,para não voltar e falar umas boas verdades. Quando estava chegando, no hall de entrada, ouço meu nome ser chamado aos gritos!

- Linda!  Linda! – Já estava resmungando nomes proibidos, por ter minha saída adiada novamente,quando vi que era meu amigo do andar de baixo,Dr. Edward! E pelo semblante alegre e confiante, eu já sabia o que ele queria me dizer.

-Oi, Linda! Pois é a segunda vez que saímos juntos no mesmo horário, Você não acha que isso quer dizer alguma coisa?
- Olha, eu estou com um pressentimento bom! Disse isso fazendo um gesto com as mãos de quem não sabe!

- Será que esse pressentimento bom, não diz pra você aceitar sair comigo? Disse ele, piscando pra mim.  

Não resisti, e soltei uma gargalhada. – Ah, Ed.!  Bem que eu queria mais estou cansada e cheia de coisa pra fazer, em casa! Desculpe. - Essa era minha desculpa usual. 

- AH! Ta tudo bem.  – Disse Ed., não conseguindo disfarçar a frustração.

Tenho que confessar que fiquei com pena, mas eu sabia dos sentimentos dele e não queria magoá-lo mais do que já fiz. Mesmo assim, eu fiz!

- Mas, se você quiser oferecer uma carona, pra Linda aqui! Eu aceito! – Disse isso, sorrindo abertamente.

- Ok, vamos! – Disse ele, animado novamente.

O trajeto de volta para casa, foi tranqüilo e divertido. Edward era um rapaz bonito, tranqüilo, interessante e divertido! Tudo o que uma mulher pediu a Deus!
Sem falar em ser um jovem médico, formado em Dermatologia. Um ótimo rapaz, para se namorar e ainda por cima gostava de mim. Mas, ele para mim, era só um amigo, e sempre seria só isso! Infelizmente para ele!

- Chegamos!  Linda!
- Ok, obrigada, Edward!
E então ele me olhou com aqueles olhos lindos e pidões, que só ele sabe fazer. Não resisti e dei um beijinho no rosto dele. O que certamente, o fez ter esperanças... Tadinho!

- Tchau, até amanhã! – Disse, sorrindo
- Até! Disse ele, rapidamente desconcertado!
 Entrei em casa, comi um sanduíche e fui para cama, dormi em menos de cinco segundos!  




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