terça-feira, fevereiro 1

Voltas que a Vida Dá.

Cápitulo 2:    Eu nunca vi seu rosto, eu nunca ouvi sua voz, mas eu acho que gosto

A noite foi agitada, tive vários sonhos ao mesmo tempo, uma hora via o rosto de Edward, outra hora via minha família, tudo isso misturado, num turbilhão de cores. Até que o turbilhão parou e só vi dois olhos me fitando, dois lindos olhos azuis!
 Isso foi o suficiente para tirar meu sono, decidi, então, ir até a cozinha, para fazer uma boquinha, já fazia horas que não comia. Desci as escadas, o mais silenciosamente possível,não queria acordar o Sr. E a Sra. Pauling! Eles têm sido tão bons comigo, desde que cheguei aqui, eles tem me abrigado, pelo fato de terem uma casa razoavelmente grande e quartos vazios. Eles não viram problemas em alugar para moças solteiras.
 Andei até a cozinha, e fui checar a geladeira, á procura de algo gostoso para se comer.
Terminada á busca, peguei somente um copo de leite, e fui me sentar na bancada, que dá para a varanda, que estranhamente estava com as cortinas das janelas abertas, eles devem ter as esquecido, pensei.  Olhei para a lua, que estava incrivelmente linda aquela noite, e me lembrei daqueles olhos do meu sonho, os quais me seduziram a ponto de me perder em pensamentos ali parada na cozinha. Tão perdida,que nem percebi , Sra.Pauling se aproximar de mim, até que ela me tocou.
- Ah! Sra.Pauling! Você me assustou! – Instintivamente coloquei a mão em meu peito, estava disparado!
- Minha querida! Desculpe, não queria assustá-la! Disse a senhorinha, se sentando ao meu lado.
- Não se desculpe, está tudo bem... Pelo que vejo, não sou a única que perdeu o sono! – Disse sorrindo para a amável senhora.
- Não mesmo, você sabe, o Carl,é um trator dormindo,parece que estou dormindo com uma máquina  não com um homem! – Disse a senhorinha rindo!
Limitei-me, a apenas abrir um sorriso. Não era de bom tom falar mal de quem te hospeda!
- Mas, é a idade, todos os homens ficam assim com a idade!  - Ao falar do marido, seu olhar tornava-se meigo, como se ela ainda falasse do mesmo homem, de trinta anos atrás, algo que me impressionava muito. Isso era algo que eu admirava nela, o dom de amar profundamente as pessoas.

- AH, me lembrei, você viu os biscoitinhos que eu deixei para você, em cima da geladeira? Disse ela olhando para meu copo de leite.

- Não, não vi! - Levantei-me e fui pegar o pratinho, em cima da geladeira.
- Procurei por eles, na geladeira inteira! Disse, levantando o potinho, para que a senhorinha visse. Logo mordendo um. – Nossa! Está uma delícia, Sra. Pauling!
- Ain! Amor, obrigada! – Disse ela meio sem jeito.
- Minha mãe ligou?
- Sim, ela ligou duas vezes, a primeira vez, para saber se já tinha chegado e a segunda para saber se você já tinha acordado! – Disse sorrindo a senhorinha.
- Ótimo! Disse eu, mordiscando o último pedaço do último biscoito.
- Você estava com fome mesmo! De repente seu olhar ficou sério – Me diga por que a insônia?
- Ah, Sra.Pauling... Problemas no trabalho, cansaço e sonhos confusos! Ao dizer a última palavra soltou uma risadinha.
- Confusos? Anda sonhando com um menino? – Seus olhos voltaram à doçura anterior.
- É mais ou menos! Só com os olhos dele! Ao dizer a última frase, corei e baixei os olhos.
- é aquele menino, que trouxe hoje, não é? De repente seu olhar era de cumplicidade. O que me fez rir ao vê-los.
- Não longe disso. Sonhei com alguém que não conheço, na verdade só com os olhos. - Senti novamente, o calor em minhas bochechas, abaixei os olhos  e de novo, e só vi os dois lindos olhos azuis. O que me fez novamente viajar em pensamentos, onde ele era o único incluído.  
 Quando voltei, ao chão, vi  Sra. Pauling me encarando, com sua máscara de cumplicidade que não se desfez, devido ao meu encantamento repentino.
Totalmente envergonhada, disse: - Ah, Senhora! Já são três horas, já está na hora de dormir.
E sai correndo, sem nenhuma cerimônia escada acima, para meu quarto, onde podia ser eu mesma, sem medo, ou vergonha. 

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